Não pratico e nunca pratiquei! #confesso
“...
e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações.”
Atos
2.42
MINHA CONFISSÃO: Há alguns anos fui impactada com todo o conceito de
Missão Integral. Foi algo único e apaixonante... Quando você cai na real de que
pode ter e participar de uma Igreja diferente dos moldes aos quais estamos
acostumados a ver hoje em dia, você fica fascinado! Fui mentoreada a praticá-la
de forma que Atos 2.42 se cumprisse na íntegra em minhas atividades
eclesiásticas. Mas não obtive sucesso... O conceito sempre foi mais forte em
mim do que a praxis... #confesso
MINHA DEFESA: Mas como bom ser humano, vou me dar o direito de
justificar a falta da praxis com
minha falta de tempo devido à minha agenda eclesiástica concorrida, precisando
separar tempo diário ou semanal para minha família, preciso também ter vida
social, afinal, tenho inúmeros amigos que reclamam minha ausência nos momentos
de descontração, preciso arrumar tempo para a programação semanal da minha
congregação e do grupo de jovens do qual participo onde as atividades são sempre
muitíssimo interessantes e envolventes... Enfim... É praticamente impossível
estar alheia a tudo que rola em minha igreja e em minha família e dispensar
tempo para Missão Integral... #caradepau
OS FATOS: Começo a escrever este parágrafo as 11:29 da manhã do
dia primeiro de janeiro de 2013... Estou na sala da casa da minha tia-avó
Judite, na Colônia Augusta Vitória em Ortigueira/PR... É uma manhã nublada e
abafada... O Dinho e o pai brincam com as filhas da prima Sandra no jardim... O
tio-avô Guilherme bate papo com minha mãe na ‘área’ e a tia está à beira do
fogão a lenha preparando o almoço... É sempre delicioso e singular estar
aqui... As sensações provocadas por este lugar e pelas pessoas daqui são as
melhores possíveis...
Mas
desta vez, sentada neste sofá com o notebook no colo, a sensação é de revolta!
Não contra minha família (eles são os melhores! #amoinfinitamente) ou por não ter sinal da TIM por aqui (#vício do qual preciso ser
liberta)... Mas em relação à MIM! Em
relação à minha incapacidade de cumprir uma Missão Integral efetiva! Revolta
por não colocar os conceitos da administração, na qual tenho formação, em
prática e organizar minha vida de forma que possa fazê-la! Revolta por não dar
a devida atenção às necessidades da minha igreja! Enfim... Tudo se resume em
revolta...
Passar
o ano novo na Colônia foi algo que simplesmente aconteceu... Eu devia passar em
minha igreja em Curitiba com minha família, mas na última hora resolvemos vir
pra cá... E havia um propósito nessa decisão: aprender o que é Missão Integral
na prática e não só na teoria! Na verdade, a lição sempre esteve nesta Colônia
e nesta mesma casa, com as mesmas pessoas que amo e compartilho momentos
inigualáveis... Só que nunca me detive nos pequenos detalhes relatados pelo Tio
Guilherme e pela Tia Judite... Eu não estava interessada... Sempre estive mais
concentrada no glamour do sucesso das
atividades desenvolvidas na capital do que na simplicidade e singeleza das
atividades da colônia.
O
culto de Ano Novo começou as 21:00... O primo Dorival me surpreendeu com sua
eloqüência ao dirigir o culto... A prima Sandra mandou muito bem no violão no grupo
de louvor... E nós outros sentadinhos no meio da congregação cantando os
louvores do Cantor Cristão junto com a igreja... Quão maravilhoso é ter um
coração grato por um ano que foi cheio de lutas, mas também cheio de vitórias!
Fiquei maravilhada ao perceber quanta coisa Deus fez em minha trajetória em
2012 e o quanto eu devia/podia ser grata. Depois dos louvores passamos a ouvir
os testemunhos... E é aí que entra a lição que falei ali em cima... Cada
testemunho foi um tapa na minha cara deslavada!
“...
e perseveravam (...) nas orações.”... Tio Guilherme tomou a palavra... Em novembro estivemos na Colônia e ele
nos havia pedido oração, porque estava com um caroço logo abaixo da orelha.
Coincidentemente, no mesmo lugar onde há muitos anos ele já havia feito uma
cirurgia para retirada de um tumor. Ficamos preocupados, mas oramos ao nosso
Deus que é o Médico dos médicos e deixamos que Ele cuidasse dessa situação.
Quando o Tio começou a testemunhar, contou como descobriu o caroço, que foi ao
médico, mas que numa reunião de oração, ele compartilhou o problema com os
irmãos da congregação. Levantaram a voz em oração ao Senhor, pedindo a Deus que
fizesse um milagre e que se fosse da Sua vontade que o Tio fosse curado. Para
honra e glória de Jesus, o Tio não tem nada! O caroço sumiu! Se era câncer,
nosso Jesus o curou! E ele estava tãoooo feliz com isso! Suas palavras exalavam
gratidão ao Senhor pelo milagre e gratidão aos irmãos por terem orado com ele e
por ele...
Depois,
um fazendeiro da região tomou a palavra... Comentou que em 2012 as chuvas foram
escassas na região e que isso deixou toda a igreja preocupada. As famílias da
igreja da Colônia vivem essencialmente da produção agrícola e quem é agricultor
sabe qual é o impacto de uma seca rigorosa como a do ano passado. Uma produção
inteira pode ser perdida se não houver chuva no tempo certo da maturação das
sementes e na quantidade certa. Famílias sofrem rigorosamente com o resultado
da seca. E o governo? Ahh... o governo não está nem aí se chove ou não! Ajudar
os agricultores que é bom, nada! Mas voltemos ao testemunho... Essa é uma outra
revolta... Continuando... Como a igreja toda estava preocupada, reuniram todos
os irmãos, irmãs, jovens, adolescentes e até as crianças e a ordem era: vamos
orar pra que o Senhor nos mande chuva no tempo certo para que não percamos
nossa produção!... Oraram!... E sabe qual foi o resultado? Deus mandou a chuva
no tempo certo e todos foram muitíssimo abençoados em suas colheitas!...
Perseverar
em oração... quantas vezes eu fiz isso? Melhor não comentar... #primeirotapa
“...
e perseveravam na doutrina dos apóstolos...”... Uma agricultora de fala simples, vestes singelas, mas com certeza a
melhor que ela achou no guarda roupas para ir a igreja saudar o ano novo,
óculos fundo de garrafa, 10 bico de papagaio na coluna (a parte do bico de papagaio
foi ela que disse!) toma a palavra!
Sua fala simples não a impediu de compartilhar tudo o que ela aprendeu na Casa
de Deus, sendo doutrinada nas Santas Escrituras a seguir os passos de Jesus,
vivendo em santidade para que possa alcançar o céu! Nunca vi alguém demonstrar
tanta fé, tanta convicção de salvação, tanta intimidade com o Espírito Santo, e
tanta alegria em seguir a Cristo, como aquela mulher conseguiu me transmitir...
Enquanto ela testemunhava, compartilhava como se deu sua conversão e como
conheceu Jesus... Falou da professora que a ajudou na EBD... Dos pastores que
cuidavam dela enquanto ovelha... E agradeceu a Deus por tê-los em sua vida...
Por ter tido a oportunidade de ser ensinada por eles e por estar firme nos
caminhos do Senhor...
E
foi-se o segundo tabefe...
“... e perseveravam (...) na comunhão, no partir do pão...”... Como havíamos passado o final de semana visitando meu avô paterno em
Mauá da Serra, chegamos em Ortigueira dia 31 pela manhã... O Tio fez questão de
nos avisar que haveria uma programação depois do culto de ano novo... A
congregação organizou um amigo secreto e uma festa americana, e ele nos disse
que ficaríamos na festa com eles... Ele ressaltou ainda que a Tia Judite levaria
um de seus deliciosos pratos para a festa... Logo que chegamos, almoçamos e
conversa vai, conversa vem, resolvemos ir até o lago da Hidrelétrica Mauá, ver
como tinha ficado a paisagem do local, já que ela foi inaugurada
recentemente... Esse lago inundou parte da região onde meu pai cresceu,
portanto, era importante pra todos nós ver como havia ficado a localidade...
Uma hora de carro do sítio até o lago, já que meu pai dirige lentamente em
estrada de chão... Uma hora contemplando a paisagem... Uma hora visitando um
sobrinho do Tio no meio do caminho de volta ao sítio... E por fim, chegamos ao
sítio pra nos organizarmos pro culto da noite... O tempo todo durante o
passeio, o Tio comentava que não podíamos nos atrasar porque a Tia tinha que
fazer o prato pra festa da noite... Alguém diria: “mas que repetitivo ele,
não!?”... Pois é... Quando o culto terminou e entrei no salão onde foi
realizada a festa entendi porque era tão importante a Tia levar o prato pra
festa... Só ali me dei conta que pobres, ricos, velhos, crianças, adultos,
jovens, fazendeiros, empregados, agricultores de pequeno porte, aposentados,
funcionários públicos, donas de casa, gente com roupa de marca, gente de
havaianas presa com prego, estavam todos juntos... Estavam festejando juntos...
Estavam comungando... Estavam partindo o pão... Quem tinha condições
financeiras de participar do amigo secreto, participou, quem não tinha, se
divertiu e riu muito com a revelação do mesmo... Quem levou pratos pra festa,
se deliciou comendo o que outras pessoas levaram, quem não levou se deliciou
também porque quem podia partilhou o pão que tinha em casa...
#chorei
ao levar o terceiro tapa... (que foi mais um murro na boca do estômago...)
A CULPA: Nessa altura do campeonato meu coração já estava em
pedaços... Olhei pro Dinho e disse: “isso e igreja... isso é missão integral...”...
Foi quando parei pra pensar no que eu vinha fazendo desde que aprendi o que era
Missão Integral... e foi aí que se acendeu a revolta contra mim mesma e você
pode entender o início deste texto...
DAQUI PRA FRENTE: Se eu aprendi a lição? Sim! Se eu vou praticar? Não
sei... Mas pretendo! Não se decepcione comigo se eu não conseguir viver o que
acabei d expor... Eu já tentei uma vez e não consegui... Sou um ser humano
cheio de imperfeições e no momento não estou me comprometendo com propósitos de
longo prazo... #consciênciadelimitação... Creio que por mim mesma isso não vai
funcionar... Ainda mais se eu não me dispor a me comprometer diariamente com o
propósito... Mas creio também que se eu mantiver Deus no centro das minhas
decisões diárias, Ele há de me ajudar nesta missão... Que é integral... Que é
singular... Que engrandece o Reino e que leva muita gente pro céu!
Completamente
exposta,
Quezia
Mattos